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Custos da construção tendem a recuar em 2023, mas economia é ponto de atenção, dizem especialistas

Após atingir o auge em 2021, os custos no setor de construção apresentaram desaceleração neste ano, e a perspectiva é que continuem perdendo ritmo, de acordo com análises de economistas consultados pela CNN. Contudo, a definição da política econômica do governo eleito permanece como um ponto crucial de atenção, pois pode influenciar a trajetória dos preços no setor, alertam os especialistas.

Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, destaca a importância de acompanhar como o governo lidará com desafios, especialmente na questão fiscal, pois isso repercute no dólar e, consequentemente, na evolução da conjuntura macroeconômica.

Além do impacto do dólar nos custos do setor, os juros também são um ponto de atenção relevante. Luccas Saqueto Espinoza, economista da Go Associados, observa que a expectativa é que a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, comece a baixar. No entanto, essa queda dependerá da aplicação da política fiscal pelo governo. A falta de credibilidade nas ações do governo pode resultar na manutenção da Selic em patamares mais elevados, encarecendo os custos no setor.

Taxas de juros mais baixas são benéficas para o setor, facilitando operações como a aquisição da casa própria e decisões de lançamentos das construtoras. Contudo, essas taxas estão interligadas ao controle da economia e às expectativas dos agentes econômicos.

Saqueto destaca as incertezas em relação à conjuntura global, que impactam principalmente os custos de materiais, mencionando a desaceleração nas economias desenvolvidas e as incertezas geopolíticas.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) encerrou 2022 com alta de 9,40%, menor que os 13,84% do ano anterior. O custo da mão de obra, com aumento de 11,76%, superou o de materiais, equipamentos e serviços, revertendo a situação do ano anterior. A expectativa é que os custos de mão de obra subam menos, apesar dos planos de reajustes reais para o salário mínimo pelo governo eleito.

A desaceleração do INCC pode aliviar os preços dos imóveis na planta, pois são usados como referência em contratos. A expectativa é que o índice fique em 6,9% em 2023, com variações próximas à inflação esperada para materiais e serviços, e para mão de obra.